Sou mãe e tenho um filho que é a luz dos meus olhos, quem amo imenso, um amor que foi crescendo com as vivências conjuntas. Esse ser maravilhoso que acompanhei conscientemente desde o momento em que soube que estava grávida tem hoje 16 anos e, ao contrário da mãe, não é praticante de yoga mas sim campeão nacional de rugby na categoria dele. É a vida no seu melhor, cada um fazendo as escolhas do momento, as quais admiro e respeito e na verdade o yoga ensinou-me a aceitar melhor comportamentos e situações que não seriam as minhas opções, ou seja apenas gostaria e não perdi a esperança, que venha a complementar o rugby com o yoga.
Adorei cada momento ínfimo da minha gravidez, tudo: a união com o bebé, a minha relação de amor com o pai e ainda hoje meu marido querido, o orgulho com que exibia a minha barriguinha, o meu corpo, as minhas andanças, a música que ouvíamos, os concertos a que fomos, as brincadeiras na praia, as festas que amigas faziam no meu protuberante ventre, enfim tudo. Contudo … não era praticante de yoga na altura! Eu e o yoga não haviamos ainda cruzado caminhos.
Anos mais tarde comecei a praticar yoga, fiz formações e uma delas tocou-me especialmente: o yoga na gravidez. Hoje em dia acho que todas as grávidas deveriam fazer yoga pré-natal, por várias razões que aqui partilho, mas se tivesse de resumir tudo numa só frase seria: proporciona à mãe um enorme bem-estar e uma profunda e feliz união com o ser que está a gerar.
A prática de yoga durante a gravidez é segura, deverá iniciar após avaliação e consentimento médico e traz inúmeros benefícios à futura parturiente, físicos, emocionais, mentais e uma aproximação grande com o bebé que está a gerar.
A nível físico apontaria o fortalecimento muscular, a facilidade de movimentos, a flexibilidade, a constante ativação da circulação sanguínea, o alívio de pequenos desconfortos (azia, dor nas costas, cãibras nas pernas, cefaleias), prevenção ou melhoria de dores lombares, de varizes, de hemorroidas ou de retenção de líquidos, preparação de zonas específicas do corpo para o parto (ex. abertura pélvica, musculatura assoalho pélvico). A prática de variadas posturas físicas (asanas) de anteflexão, retroflexão, lateroflexão, força de pernas e braços, de equilíbrio vão trabalhar as questões acima referidas. Técnicas respiratórias de yoga (pranayamas) vão proporcionar à futura mamã benefícios como oxigenação celular, aumento do controlo e expansão da sua respiração, verdadeiramente úteis na altura do parto. Temos também a prática de relaxamento profundo (yoganidra) onde se proporciona à mulher descontração, a ajuda a dormir melhor, reduz a ansiedade e estabiliza as emoções.
Para dar uma ideia mais clara e objetiva do que é efetivamente yoga na gravidez creio ser bom fazer uma descrição de uma aula típica, a qual inclui um aquietamento inicial, práticas respiratórias, posturas físicas, mantras, yoganidra e meditação. Em primeiro lugar referir que o yoga é anti-stress e mais do que nunca durante a gravidez, por isso uma prática dura cerca de 90 minutos, deixando também às mães tempo para partilha de sentimentos, de experiências, ou seja promove a interação social, o convívio com outras futuras mamãs, e favorece tempo para elas próprias saborearem cada respiração, cada postura.
As técnicas e os seus benefícios são os seguintes:
O aquietamento inicial vai acalmar, trazer a atenção para o presente, deixando de lado preocupações ou antecipações, vai procurar uma maior consciência de si, voltando a atenção para dentro do seu ser e uma grande conexão com o bebé.
Os exercícios de expansão e controlo da respiração (pranayamas) tal como o nome indica, trabalham o controlo da respiração, a concentração, ajudam no momento do parto, expandem a capacidade respiratória, melhoram a oxigenação celular, favorecem um útero mais relaxado, uma placenta mais oxigenada e aumentam a descontração, sobretudo durante a expiração.
As posturas físicas (ásanas) proporcionam consciência corporal (autoconhecimento corporal e mental), reeducação postural global, fortalecimento muscular e perineal, flexibilidade e mobilidade articular, melhoria do equilíbrio e coordenação motora, trabalham a abertura pélvica, a rotação da bacia, o alongamento dos músculos, o fortalecimento do assoalho pélvico e ainda a oxigenação celular, melhorando a circulação sanguínea.
O relaxamento profundo físico e mental (yoganidra) oferece à mãe verdadeira descontração e paz, trabalha a supressão das oscilações mentais, a autoconfiança, procura gerir algum medo e ansiedade próprios do estado em que se encontram, preparando mentalmente para o parto, e como frequentemente se usa a repetição de resoluções / desejos (sankalpa), consequentemente induz a sentimentos e pensamentos positivos, a comunhão com o bebé e proporciona o encontro com a verdadeira essência da mulher.
A meditação também fortifica a união com o bebé, faculta pensamentos e sentimentos positivos, aporta a valorização de princípios éticos, a consciência do valor da mulher, o autoconhecimento e traz também imensa paz e muito relaxamento, além de grande consciência respiratória, foco e concentração.
Namasté.
Cristina Diniz
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